Quando penso em McCoy Tyner, penso imediatamente na passagem de piano protagonizada por ele na música My Favorite Things do álbum de mesmo nome de John Coltrane. Um dos momentos musicais mais etéreos que me vem à cabeça, desses que parecem alterar a percepção do tempo de uma maneira quase gratefuldeadiana. Ouça aqui.
Além disso, lembro da lendária apresentação dele no Tim Festival de 2003, que me marcou profundamente. Sem dúvida um dos shows mais emocionantes que já presenciei. Quase tive um troço quando, no meio de um improviso, o baixista (monstro) começa com citações de A Love Supreme de Coltrane. Tyner embarca, levando a casa abaixo. Nessa época eu estava totalmente absorto em Coltrane, incluindo sua fase mais experimental, e de repente estava ali o cara que tinha ajudado a criar aquilo tudo, elemento chave do quarteto clássico de Coltrane, interpretando um trecho de um dos álbuns mais revolucionários do jazz. Dessas coisas que não acontecem todo dia.
McCoy Tyner com John Coltrane.
Tyner ainda está na ativa e em 2008 lançou o disco Guitars, com interessantes parcerias com guitarristas de diversos estilos, dentre eles John Scofield, Derek Trucks, e o tocador de banjo Bela Fleck.
Aguenta essa pressão! McCoy Tyner martelando e Freddie Hubbard não deixando a peteca cair. Alguém por favor avise ao McCoy que é um piano que ele está tocando, e não uma bateria.
O trompetista Freddie Hubbard eu acabei conhecendo por notar sua aparição e excelente performance em alguns discos clássicos do jazz, como o revolucionário Free Jazz (1960) de Ornette Coleman, Out to Lunch (1964) de Eric Dolphy e Maiden Voyage (1965) de Herbie Hancock. Grande fera, com ótimos discos próprios também.
Estou partindo para Chicago em alguns dias, mas minha cabeça já está lá! Para aquecer os motores, estou me afogando em Muddy "Mississippi" Waters, o pai do blues elétrico e do som característico do blues de Chicago. Em meados dos anos 40 o blues migrava do delta do Mississippi e começava a se mesclar com a cidade. Dá uma sacada...
James Cotton na gaita, botando PRESSÃO!
Otis Spann, o grande pianista de blues que tocou anos com Muddy Waters tem uma frase muito adorada pelos gaitistas e que é certeira em relação às bandas lideradas por Muddy: "The harmonica is the mother of the band, once you got a good harp you're in business...". Não é à toa que na lista de gaitistas que acompanharam o mestre estão craques como Little Water, James Cotton, Big Walter Horton, George "Harmonica" Smith, Junior Wells e Jerry Portnoy.
Muddy comandou bandas incríveis, por onde passaram vários gênios do blues.
Quem me conhece já deve ter me ouvido recomendar esta banda pelo menos uma vez. Trata-se do Mojave3, banda inglesa composta por membros da ex-banda Slowdive. A banda tem um som suave, com elementos de rock, folk e country, e letras interessantes. Excelente para dar uma relaxada ou ouvir durante o trabalho.
Música do primeiro disco, "Ask me tomorrow".
Dos três discos que eu conheço, e recomendo fortemente, o primeiro (Ask me tomorrow) é o mais onírico, com predominância da voz feminina de Rachel Goswell. Os outros dois (Excuses for travellers e Out of tune) se aproximam mais do pop e são mais acessíveis, mas não perdem em nada para o primeiro, com a diferença da maior parte das músicas ser cantada pelo principal compositor, Neil Halstead. Ouço tanto esses três discos que não saberia nem recomendar apenas um.
Lendo Diários de Jack Kerouac (1947-1954) que ganhei de presente (valeu fafito!).
Domingo, 22 de junho de 1947 Outro pensamento que ajuda um escritor enquanto trabalha - deixe-o escrever seu romance "do jeito que ele gostaria de ver um romance escrito". Isso ajuda muito a libertar você dos grilhões da dúvida de si mesmo e o tipo de falta de autoconfiança que leva a revisões demais, cálculos demais, preocupação com "o que os outros vão pensar". Olhe para seu próprio trabalho e diga: "Este é um romance segundo o meu coração!". Porque vai ser isso de qualquer jeito, e esse é o problema - é a preocupação que deve ser eliminada pelo bem da força individual. Apesar de todo esse conselho despreocupado, eu mesmo avancei devagar, hoje, mas não fui mal, trabalhando na versão final do capítulo. Estou um pouco enferrujado. Ah, que grande palavrório eu poderia escrever esta manhã sobre meu temor de que não saiba escrever, de que seja ignorante e, pior de tudo, um idiota tentando fazer algo que não tenho a menor condição de fazer. Está na vontade, no coração! Pro inferno com essas dúvidas podres. Eu as desafio e cuspo nelas. Merde!
Ao que parece, estes questionamentos que assolavam Kerouac no período em que escrevia seu primeiro romance tiveram peso fundamental em definir características marcantes de sua linguagem literária, como a espontaneidade e a fluidez.
Eu costumava pensar que o combate à auto-censura em qualquer campo artístico deveria ser um exercício constante. Mas, até que ponto o "preocupar-se em não se preocupar" não acaba apenas alterando o foco da fonte de preocupação? A dificuldade da tarefa se assemelha à da meditação - simplesmente não pensar - sem nem mesmo pensar em não pensar. A meu ver, o cenário ideal é um apurado domínio da técnica, capaz de representar imediatamente e com fidelidade todas as nuances de sentimentos e idéias emitidos, e a renúncia a quaisquer ruídos racionais. Uma ponte direta entre a emoção e a obra.
Certamente que isso não é nada fácil e eu mesmo perdi uns 15 minutos escrevendo o parágrafo acima, que não vou nem reler, sob o risco de querer mudar tudo.
Sexta-feira é aquele dia que você já trabalha meio na má vontade, querendo bicar mais cedo e já no clima do fim de semana. Se, aliado a isso, ainda teve um choppinho na quinta e uma feijoadinha na hora do almoço para arrematar, não é raro ser um dia totalmente improdutivo. Também é o dia em que geralmente eu fuço alguma coisa interessante para ouvir e me ajudar a embalar no trabalho. Em homenagem então às sextas-feiras, inicio aqui a seção Dia Morto no blog para compartilhar algum som que eu esteja ouvindo por aqui e, quem sabe, encurtar seu caminho rumo ao fim de semana.
Essa sexta, coitada, já começou mal. Dia frio e chuvoso no meio de um feriado prolongado. Tava morta e não sabia.
Lunt-Fontanne Theatre, NYC, 31/10/1987
Ao contrário do que muitos poderiam pensar, o som de hoje não fica por conta do Grateful Dead (Dead Day, já sacaram, né?), mas também não passa muito longe. Trata-se de um dos trabalhos paralelos do Jerry Garcia, líder do Dead. Com sua Jerry Garcia Acoustic Band, Jerry passeia por diversos estilos tradicionais da música americana, como o bluegrass, o folk, o country e o blues. Isso não é terreno novo para ele, e esta bagagem é nítida em seu trabalho com o Dead, seja nas composições ou na forma de tocar guitarra, influenciada pelos seus tempos de tocador de banjo. As diversas incursões de Jerry por estes estilos musicais chamaram a atenção do público jovem para estas vertentes. Atualmente, como acontece no Brasil com o samba e na Argentina com o tango, acontece nos EUA um certo resgate das raízes musicais, principalmente do bluegrass.
"When you go down to Deep Elem / put your money in your pants Cause the women in Deep Elem / they don't give a man a chance"
A Jerry Garcia Acoustic Band foi formada em 1987 e fez uma série de shows pelos EUA, lançando em seguida um excelente disco ao vivo chamado Almost Acoustic. Consegui o meu em vinil com um maluco da China! A formação traz alguns parceiros do Jerry de longa data:
Jerry Garcia - violão, vocal
David Nelson - violão, vocal
Sandy Rothman - bandolim, dobro, banjo, vocal
John Kahn - baixo
Kenny Kosek - rabeca
David Kemper - bateria
Ontem estava lendo sobre o movimento conhecido como guerrilla gardening. Em várias partes do mundo, grupos de pessoas se reúnem para plantar em espaços abandonados e degradados de suas cidades. Por se tratar de uma ação ilegal, uma vez que se está "vandalizando" um espaço que não te pertence, geralmente a operação acontece na calada da noite.
Guerrilheiros em ação em Londres
Acabei por descobrir uma técnica muito interessante que eles chamam de seed bombs (bombas de sementes) e que é a solução para algo que eu estava querendo colocar em prática. Eu procurava uma maneira de semear algumas espécies diferentes na mata que tem aqui em frente à minha varanda, mas como não tenho acesso direto a essa mata, estava tentando pensar numa maneira eficiente de arremessar as sementes lá. Só que mesmo que eu conseguisse isso, a semente ainda estaria muito vulnerável a predadores e sem garantia de ter condições favoráveis ao seu desenvolvimento, podendo esturricar ao sol ou ser levada pelo vento.
A técnica das seed bombs ou seed balls consiste em preparar uma mistura com sementes, composto orgânico e argila em pó. Acrescenta-se água à mistura e com a massa umidecida faz-se pequenas bolas com uns 2cm de diâmetro aproximadamente. Depois de deixar secar por 24 horas, as sementes estão protegidas dentro da argila e podem ser estocadas ou utilizadas de imediato. Com as bombas preparadas, basta espalhá-las pelo local desejado e o trabalho está terminado. À medida que for chovendo, a argila vai absorver água e as sementes vão germinar. A matéria orgânica necessária ao bom desenvolvimento inicial das novas mudas será fornecida pelo composto na mistura, assim como a própria argila irá fornecer minerais importantes à planta. A técnica é utilizada inclusive para reflorestamento de áreas com tendência à desertificação.
Seed balls prontas para o uso. Parece que alguém do grupo não entendeu muito bem...
Pesquisando mais a fundo, descobri que essa é uma técnica oriental antiga que foi resgatada por um agricultor japonês chamado Masanobu Fukuoka. Fukuoka é o pai da teoria da agricultura natural onde defende uma agricultura sem a interferência do homem, reproduzindo ao máximo as condições naturais. Não há preparo prévio do solo nem aplicação de fertilizantes e pesticidas. É dado um grande enfoque na diversidade de espécies, inclusive de ervas daninhas, para que haja um retorno de nutrientes ao solo. As idéias de Masanobu Fukuoka podem ser encontradas no livro The One-Straw Revolution (A Revolução de Uma Palha), disponível para download gratuito aqui (em inglês apenas...).
Seed ball germinando.
Segue uma receita para fazer suas seed balls:
• 1 parte de sementes (pode conter até 2 ou 3 espécies diferentes. Dê preferência a espécies que convivam bem juntas e que estejam adaptadas ao ambiente onde serão aplicadas)
• 3 partes de húmus de minhoca (ou outro adubo orgânico)
• 5 partes de argila marrom em pó
• 2 partes de água
• 1 colher de chá de pimenta chilli em pó (opcional, caso deseje incluir um repelente natural para afastar insetos e predadores)
Para preparar é só misturar bem todos os elementos secos e ir acrescentando a água aos poucos para fazer a massa. Em seguida modele as bolas e deixe secar por 1 dia. Depois é só sair distribuindo.
Vou fazer um teste com essa técnica e depois posto os resultados aqui.
Sempre tem aquela situação onde você quer entrar num lugar com uma birita enrustida para não pagar os preços abusivos cobrados pelo estabelecimento. A solução existe!! Se liguem no Beerbelly!
O site avisa: "Seriously, this is a real product, you need one now"
A meu ver, a única falha desse projeto é que 90% dos homens já vem com sua própria barriga de cerveja. Se eu fosse o gênio por trás dessa idéia, criaria um aparato similar em formato de corcunda!
A opção para as damas é o Winerack. O maridão vai curtir!
Não é novidade que o Internet Explorer tem suas peculiaridades ao interpretar as regras de CSS. Esbarrei numa que ainda não conhecia e posto aqui a solução que encontrei nesse blog, por Cayo Medeiros.
Eis o problema: o Internet Explorer não reconhece o valor table-row para a propriedade display, necessário para exibir uma linha de tabela (elemento <tr>). A solução é simples, bastando atribuir um valor vazio ao display. O browser automaticamente usará a valor padrão do elemento. Segue um exemplo em javascript:
//código para ocultar a <tr>
document.getElementById("minhaTr").style.display = "none";
//código para exibir a <tr> que deveria funcionar
document.getElementById("minhaTr").style.display = "table-row";
Minha introdução ao McLovin no post anterior foi na verdade uma preparação de terreno para a maior descoberta youtúbica dos últimos tempos: The McLovins!!
Haha!! Olha os moleques! E eles tocam à vera e tem bom gosto. Além das músicas próprias, levam covers de John Coltrane, Weather Report, Grateful Dead, Phish, Pat Metheny, entre outros. Adorando os McLovins!
Apresentando... The McLovins!
Cover de "You Enjoy Myself" do Phish. Abusados, hein!
Vejam que brilhante inutilidade este site colocou no ar. Um gerador de carteira de motorista falsa igual à do McLovin.
Para quem está perdido, McLovin é o personagem nerd do filme SuperBad que faz uma carteira falsa para comprar birita. Filme estilão sessão da tarde que garante umas gargalhadas!
Estou trabalhando num projeto em que me deparei com a situação de ter que enviar um array em javascript para um arquivo em php, via ajax. Encontrei na net uma solução interessante e estou postando aqui. Estou usando o framework de javascript mootools, mas a solução pode ser adaptada conforme sua preferência. Infelizmente perdi o link do lugar onde encontrei para dar o devido crédito.
//exemplo de um request simples
var meuRequest = new Request({
   url: 'minhaPagina.php',
   method: 'post',
   onComplete: sua ação ao terminar o request
});
//transformando o array em objeto
var meuObjeto = new Object();
meuArray.each(function(item, indice){
   meuObjeto.set('meusItens[' + indice + ']', item);
});
//enviando como query string
meuRequest.send(Hash.toQueryString(meuObjeto));
O array poderá ser acessado no PHP como $_POST['meusItens']
Retomando o blog de onde eu tinha parado há uns meses atrás, volto a falar da reunião do Phish. O encontro aconteceu na semana passada com 3 shows no Hampton Coliseum, Virginia. Como era de se esperar, parece ter sido fodalhaço! Já passei um tempão aqui viajando nos vídeos que o pessoal está postando no youtube. Shows recheados de clássicos e lindas jams. Setlists únicos para cada dia, sem repetição, totalizando 10 horas e 30 minutos de som de primeira. Destaque também para a iluminação.
Ah, se liguem nos recursos High Quality e High Definition do youtube! Após dar play, eles aparecem (quando disponíveis) ao lado do botão de volume. Muito bom!
"Also Sprach Zarathustra". Versão semelhante à do Eumir Deodato.
Já está agendada a turnê para o verão americano e duas noites como atração principal no Bonnaroo, festival no Tennessee que já venho namorando há um tempo.
O Phish anunciou que se reunirá para três shows em março do ano que vem. A banda se separou em 2004 e a notícia de um possível retorno deixou os fãs em alvoroço.
Aparição do Phish nos Simpsons, no episódio em que o Homer é tratado com maconha medicinal.
Cheguei ao Phish depois de tanto ouvir que eles eram os descendentes do Grateful Dead. Naturalmente, esperava ouvir algo bem próximo ao som do Dead, mas encontrei uma banda com características muito singulares. As únicas semelhanças que consigo identificar entre os dois estão no apreço pelas longas jams instrumentais (apesar de sonoridades totalmente diferentes) e numa relação toda especial entre os fãs e banda. Coisas como os fiéis seguidores atrás das turnês e o incentivo à gravação e troca dos shows em fita.
De início, tomei uma certa implicância com o Phish. O som era bem diferente da expectativa que eu tinha criado e eu achei os caras meio engraçadinhos. Depois comecei a ouvir outras coisas da banda e a entrar no clima. Partes instrumentais mais marcadas e estruturadas, composições meio nonsense e o timbre inconfundível do guitarrista Trey Anastasio. Hoje em dia aprecio bastante o som deles, tanto em estúdio quanto ao vivo.
"Chalkdust Torture" no David Letterman.
Para começar a ouvir, recomendo o disco A Live One, para quem quiser conferir o tipo de improviso que eles desenvolvem ao vivo, ou Billy Breathes, de estúdio, que tenho curtido muito ultimamente e é bem mais acessível.
Na boa, tem coisa melhor do que chegar em casa de pileque altas horas da madrugada e encontrar esse filme passando?? Bem... Tem coisa melhor, mas isso é muito bom também!
E o melhor, procurando por uma foto do ciclope do filme para colocar aqui, esbarrei no site Movie Deaths Database. Isso mesmo, um registro detalhado das mortes de diversos filmes. É possível consultá-las pelas mais diversas categorias e votar nas mortes que mais te agradaram. Algumas mortes que estão por lá: Ciclope (Krull, causa: montanha); Cavaleiro negro (Monty Python e o Cálice Sagrado, causa: espada); A mosca (A mosca, causa: escopeta); Billy, o índio guerrilheiro (Predador, causa: predador).
Só senti falta da morte do cavalo do História Sem Fim. Possivelmente a morte mais trágica da história do cinema. Se bem que ele aparece de novo no final, então conta apenas como uma meia morte.
Escrevendo o post anterior, que citava uma música do Sonny Terry, foi impossível não lembrar imediatamente deste clássico do youtube que faz uso da mesma música. Me mijei de rir quando vi isso pela primeira vez!
Muito interessante a mistura que esse cara faz de gaita com beatbox. Me remeteu imediatamente aos "Uhs" e "Ahs" do mestre Sonny Terry, no sentido de também inserir sons e vocalizações entre as notas e de usar a gaita de forma bem percussiva.
Há uns meses atrás eu criei esse endereço no blogger para testar o sistema do blog e ver se poderia me servir em um trabalho. Depois de fuçar o que eu queria, abandonei a página toda esculhambada.
Nas últimas semanas andei pensando em usar o blog para documentar e compartilhar as coisas que têm me interessado. Pensei também na quantidade de informações e idéias que tenho absorvido de outros blogs e me perguntei se não valeria à pena dar minha modesta contribuição para inserir e circular as informações na rede, afinal de contas sempre pode ter um maluco ou outro por aí interessado nos mesmos assuntos que eu.
Hoje, sentado aqui de molho com o pé quebrado apoiado em cima da cpu, me bateu o estalo de efetivamente colocar a mão na massa. É evidente que esse blog corre o risco de não sair nem do primeiro post, mas vamos ver se vai dar samba!
Duas sombrinhas que equivalem a 6 semanas de pernas para o ar.