22/01/2010

Dia morto #4: McCoy Tyner e Freddie Hubbard

Quando penso em McCoy Tyner, penso imediatamente na passagem de piano protagonizada por ele na música My Favorite Things do álbum de mesmo nome de John Coltrane. Um dos momentos musicais mais etéreos que me vem à cabeça, desses que parecem alterar a percepção do tempo de uma maneira quase gratefuldeadiana. Ouça aqui.

Além disso, lembro da lendária apresentação dele no Tim Festival de 2003, que me marcou profundamente. Sem dúvida um dos shows mais emocionantes que já presenciei. Quase tive um troço quando, no meio de um improviso, o baixista (monstro) começa com citações de A Love Supreme de Coltrane. Tyner embarca, levando a casa abaixo. Nessa época eu estava totalmente absorto em Coltrane, incluindo sua fase mais experimental, e de repente estava ali o cara que tinha ajudado a criar aquilo tudo, elemento chave do quarteto clássico de Coltrane, interpretando um trecho de um dos álbuns mais revolucionários do jazz. Dessas coisas que não acontecem todo dia.

McCoy Tyner com John Coltrane.

Tyner ainda está na ativa e em 2008 lançou o disco Guitars, com interessantes parcerias com guitarristas de diversos estilos, dentre eles John Scofield, Derek Trucks, e o tocador de banjo Bela Fleck.

Aguenta essa pressão! McCoy Tyner martelando e Freddie Hubbard não deixando a peteca cair. Alguém por favor avise ao McCoy que é um piano que ele está tocando, e não uma bateria.

O trompetista Freddie Hubbard eu acabei conhecendo por notar sua aparição e excelente performance em alguns discos clássicos do jazz, como o revolucionário Free Jazz (1960) de Ornette Coleman, Out to Lunch (1964) de Eric Dolphy e Maiden Voyage (1965) de Herbie Hancock. Grande fera, com ótimos discos próprios também.

Freddie Hubbard